segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Reencontrando Caio

No meio de uma madrugada de sentimentos insones, reencontrei Caio.
Meu doce, querido e ácido Caio.
Ele num blog "mais do mesmo".
Eu, no mais profundo espírito "Morangos Mofados".

Deixo o turbilhão do peito em segundo plano e me pergunto como ele veria esse mundo de pendrives às milhas e vitrolas à míngua; Google como sucessor do velho Aurélio;
Muito Uber e pouco Táxi.

A vida é uma brasa, mora?

Uma esquizocrônicapara Samuel Beckett Na forma do caos


 [...]Deus do céu, palavras lindas na letra M do Aurelião, repetir fascinado me- tâmero, metasterno, metereoscópio, paranóias desenfreadas, tudo o que você quiser, e táxis, táxis, monóxido de carbono, amigos solicitando estranhíssimas cumplicidades, copos e copos de vinho tinto, ninguém dizendo meu-amor, suspeitas, censura interna outra vez, palavrão não pode, esse filme que já vi e por isso mesmo sei onde estou metido, uma carta que não chega nunca, nossa, como estou me lixando, vela branca pro anjo da guarda, bate outra, sal de frutas, pó de guaraná, candidatura de Gabeira, sen-si-bi-li-da-de-ex-ces-si-va não, meu caro: honestidade, epidemias, vírus, pestes, dengues, devia vender mais caro minh'alminha inestimável, Toninho ameaçado pelos skinheads, nenhuma solidariedade, azia na certa amanhã de manhã, saudade, saudade inútil o tempo todo de qualquer coisa indefinida, de alguém desconhecido, investigar preço de secretária eletrônica, ter certeza de que em algum ponto do caminho se perdeu e ponto, e pronto, acabou, e para sempre, querido e não tocado jamais, mobilizado pela raiva, por favor me leva daqui para que eu me esqueça de onde sei que estou metido, corrompido até o último hímen, já temos um passado, meu amor, me convida pra jantar na tua casa, bota Billie Holiday baixinho, depois me dá um beijo na boca, bem molhado, irrecusável, um sonho com Hilda Hilst, o texto, o texto, traí meu destino, companheira, empurrado pela de­sordem, sobrevivendo ao naufrágio, agarrado mísero e adjetivoso a meu pedaço de madeira flutuante, e agora chega, chega, let it be, let it be, baby, que la vie, em rose ou em black no duro — é sempre uma brasa, mora: o caos é a forma.[...]

Crônicas velhas, de um Caio novo. 

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